ECONOMISTAS MOSTRAM QUE MINERAÇÃO PODE SER MOTOR DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Casos de países que conseguiram usar suas riquezas minerais para alavancar, com sucesso, o desenvolvimento de outras indústrias, inclusive as de alta tecnologia, podem inspirar o Brasil a fazer esse tipo de transição. Essa é a hipótese que orienta a pesquisa dos economistas João Furtado e Eduardo Urias.
Segundo Furtado, desde o inicio do século XIX, o ensino é obrigatório na Suécia. Nessa época, a Escandinávia era um conjunto de países pobres e tinha a economia baseada em recursos naturais como minérios e madeira.
“Hoje a Suécia é um país de 10 milhões de habitantes capaz de produzir carros, aviões e fármacos, sem depender mais de seus recursos naturais”, disse Furtado durante o 15o Congresso Brasileiro de Mineração, durante a Exposibram 2013, que acontece em Belo Horizonte (MG).
Segundo o economista Eduardo Urias, o shale gas, ou gás de xisto, é conhecido há muitos anos, mas só recentemente a sua utilização se viabilizou. Com isso, o gás de xisto norte-americano se tornou um recurso e pode levar os Estados Unidos, graças às tecnologias desenvolvidas para a extração desse gás, para outro patamar com a autossuficiência energética.
“A Finlândia, desde a década de 1970, não tem grandes minas, mas o país se tornou um importante desenvolvedor de equipamentos e serviços para mineração,” exemplificou Urias.
Um dos principais fatores, no caso da Finlândia e outros países, foi a criação de tecnologias para resolver problemas locais. O outro fator foi o grande investimento em educação. Como ressaltou Urias, “desde o início do século XX esses países têm altos índices de alfabetização.”
“É importante criar tecnologia em mineração para resolver problemas locais e para conectá-las depois a outros setores, o que amplia o valor e o alcance da tecnologia desenvolvida. A mineração precisa, por exemplo, de microeletrônica e nanotecnologia”, disse Urias.
Segundo o economista Eduardo da Motta e Albuquerque, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), olhando o caso particular da Suécia, a mineração pode contribuir para o financiamento da construção combinada de um sistema de inovação e de um sistema de bem-estar social.
Albuquerque, que participou do mesmo painel, destaca que a interação entre mineração e três setores de tecnologias emergentes (biotecnologia, nanotecnologia e fontes de energia renováveis) deve ser estimulada para que o Brasil possa se inserir no ambiente internacional de inovação no setor.
O argumento central do livro de Furtado e Urias é o reencontro do Brasil com aquilo que ele tem de melhor (recursos naturais) e como isso pode ser aproveitado para levar desenvolvimento econômico e bem-estar para o país como um todo. A obra “Recursos Minerais e Desenvolvimento: encontros e desencontros”, de Furtado e Urias, foi apoiada pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV).
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