
Com quase 70 anos no mercado, atualmente a CBMM, situada em Araxá, no Alto Paranaíba, é considerada empresa-modelo. Ao longo dos anos, a companhia desenvolveu tecnologias voltadas para a produção de nióbio e hoje é a única empresa que oferece ao mercado mundial quatro produtos do metal: ferro-nióbio, óxido de nióbio, ligas de nióbio e nióbio metálico.
“Algumas vezes as pessoas distorcem a realidade e esquecem dos esforços que são feitos dentro do programa do nióbio”. Foi assim que Tadeu começou a conversa dentro de uma sala de reunião na CBMM. Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam, para chegar onde estão, pesquisas e tecnologias foram desenvolvidas na empresa para transformar o minério em produto de valor agregado, criando até mesmo melhores condições de trabalho aos funcionários da empresa.
Tadeu explicou que apesar da companhia ter a mineração como parte da cadeia produtiva, a produção envolve 15 etapas de processamento para vender produtos de nióbio de alto valor agregado. “Por mais que trabalhamos com mineração, não vendemos minério, daqui só sai produto pronto para a siderurgia”, disse.
Segundo ele a primeira etapa consiste em retirar o óxido de nióbio do minério e chegar ao concentrado. Porém, de acordo com o presidente, para chegar a este resultado são várias etapas. “O minério passa pela moagem, separação magnética, flotação, até chegar ao concentrado. Temos que retirar ainda o enxofre, fósforo e chumbo. Existem vários passos para chegar neste concentrado”, explicou.
A partir do concentrado, saem os produtos comercializados pela CBMM. O principal produto em vendas da companhia, segundo Tadeu, é o ferro-nióbio que representa quase 90% da comercialização. Este é o produto usado na indústria siderúrgica, que utiliza esta composição como elemento de liga de aço. O ferro-nióbio é utilizado na fabricação de pontes, gasodutos, oleodutos e automóveis. Tadeu explicou que é isso que deixa o aço mais resistente. Tadeu contou que existem pessoas que acreditam que o nióbio deixa o aço mais leve, o que não é verdade. “O aço não fica mais leve, o que fica mais leve é a estrutura, pois é utilizado menos aço na composição”, comentou.
Nos automóveis por exemplo, com a utilização do ferro-nióbio, a estrutura do veículo fica mais resistente e usando menos aço, consequentemente mais leve. “Isso faz com que o carro consuma menos combustível e polua menos o meio ambiente. O raciocínio para a quantidade de nióbio utilizado é de 400 gramas por tonelada de aço produzido”, explicou Tadeu.
CBMM procura mercado para produção de terras-raras
Outros produtos da companhia representam 13% das vendas. O níquel de nióbio é aplicado principalmente em turbinas. Segundo Tadeu Carneiro, esta aplicação permite que a turbinas trabalhem em altas temperaturas. Já o nióbio metálico é aplicado em campos magnéticos. De acordo com o presidente, ele é utilizado em tomógrafos de ressonância magnética. O quarto produto comercializado na companhia é o óxido de nióbio, que é utilizado em lente óticas, baterias e catalisadores.
Ao todo, a CBMM exporta para 60 países, com destaque para a China, que atualmente é o principal produtor de aço no mundo. Mas, segundo Tadeu, todos os países são importantes nesse processo. “Nosso programa é muito detalhado e toma conta de muitos países ao mesmo tempo”, comentou Tadeu.
Expectativa da mina
Muitos já foram os números que rondaram a expectativa de vida da mina da CBMM. Mas Tadeu explica que a real perspectiva vai depender de como o consumo possa aumentar. “Na verdade, nossa reserva ainda não é totalmente conhecida. Nossa mina tem duas partes, em uma delas, o minério é chamado de intemperizado, aquele que a natureza ao longo dos anos o enriqueceu, e abaixo desse minério existe uma rocha que nós fizemos três furos de 800 metros e não chegamos ao fim dela. Acreditamos que temos nióbio para mais de 200 anos, mas vai depender da demanda e de conhecermos a mina”, explicou Tadeu.
Nióbio não é raro
No Brasil, além da CBMM, uma companhia em Catalão (GO) também produz ferro-nióbio. No mundo, Rússia, Canadá e Austrália são países onde também há empresas produtoras do metal. Porém, somente a CBMM produz os quatro produtos para o mundo. Segundo levantamento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), existe nióbio em vários outros países, porém são locais não explorados. Entre os países que ainda não possuem estudos das minas estão: Angola, Arábia Saudita, Uganda, dentre outros.
Segundo Tadeu, diferente do que muitas pessoas acreditam, o nióbio não é raro. “Existem concentrações de nióbio em todo mundo para fazer com que ele não seja considerado raro, porém poucos investem em estudos para explorar a mina. O nióbio conhecido e medido está, talvez, só no Brasil”, comentou.
Tadeu contou que muitas pesquisas foram realizadas para chegarem a utilidade do nióbio, o que faz o mineral um elemento essencial na fabricação do aço, porém, de acordo com o presidente, isso pode mudar. “Existe uma solução tecnológica em que o nióbio se mostra a melhor solução em condições atuais, agregando valor para o custo. Porém, se houver necessidade de outra solução, existe, basta pesquisar. O que faz com que o nióbio não seja insubstituível”, disse.
Em relação ao contrabando do nióbio no Brasil, Tadeu disse que seria impossível. “Sai 70 mil toneladas por ano de produto final daqui, quantidade que seria impossível contrabandear, além de sermos uma companhia que é fiscalizada rigorosamente”, comentou.
Projeto 2015
A CBMM divulgou um projeto em 2010 que visa aumentar a produção da companhia de 70 mil toneladas anualmente para 150 mil. “Ao longo dos anos, vamos adequar os gargalos de cada uma das etapas de produção e devemos atingir 150 mil toneladas entre 2015 e 2016. E outra parte da expansão é onde se coloca o rejeito. O investimento desse projeto para a companhia será de cerca de R$ 1 bilhão. O plano continua em pé e estamos seguindo adiante”, comentou Tadeu Carneiro.
De acordo com ele, em 2013, a empresa produziu, porém não expandiu. "Não crescemos como esperávamos, mas não decrescemos. Para 2014 esperamos crescer por volta de 10%", contou.
G1
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