quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Blog Lucas Prado Kallas- Vale sai de Belo Monte por dinheiro

Lucas Prado KallasA Vale, a maior empresa privada nacional e a segunda maior mineradora do mundo,  vai reduzir à metade a sua participação – de 9% do capital – na Norte Energia, a empresa que comanda a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, projetada para ser a terceira maior do planeta, com investimento de 30 bilhões de reais.
O dinheiro que arrecadar na transação, pouco mais de 200 milhões de reais, será aplicado na aquisição de parte do capital de uma nova empresa que a mineradora criará, em associação com a Cemig, a empresa de energia de Minas Gerais. Para a mesma Cemig é que a Vale transferirá as ações de Belo Monte.
A diretoria da antiga Companhia Vale do Rio Doce justifica a operação como coerente com sua estratégia de “maximização de valor para os acionistas”. De fato, reduzindo de 9% para 4.41% a sua participação na Norte Energia, a companhia “deixará de prestar parte das garantias associadas à estrutura de financiamento do projeto Belo Monte”.
Essas garantias deverão continuar a crescer. No início do empreendimento elas eram a contrapartida a um financiamento de 19 bilhões de reais. Agora o total a ser garantido pode chegar ao dobro desse valor. A quanto irá nessa progressão até que a primeira das 18 gigantescas turbinas da casa de força principal da hidrelétrica entre em operação, talvez já no final deste ano, quando o custo financeiro crescerá pela aplicação de juros e principal?
Não há mais dúvida que o orçamento da usina continuará a engordar. O problema é que a Vale atingiu um delicado nível de endividamento, que a sua geração de caixa talvez já não seja mais capaz de absorver. Por isso a mineradora tem vendido alguns dos seus negócios (como fez na semana passada, descartando sua empresa de logística), além de reduzir custos e cortar investimentos.
A alienação de parte das ações no projeto do Xingu tem ainda outro atrativo. Em parceria com a Cemig numa nova empresa, a Aliança Geração de Energia, a Vale passará a operar 11 hidrelétricas em Minas Gerais, que interessam diretamente às suas atividades na mineração de ferro, que realiza há 70 anos. O detalhe importante é que, enquanto no Xingu a energia firme prevista para está abaixo de 40% (caindo de 11 mil megawatts para pouco mais de 4 mil), em Minas a energia assegurada o ano inteiro é de mais de dois terços da potência nominal, de 1,2 mil MW.
Mesmo tratando-se de duas realidades distintas (hidrelétrica nova no Pará e usinas já amortizadas em Minas), a diferença significa rentabilidade assegurada nas barragens mineiras, enquanto essa viabilidade econômica é improvável na unidade paraense. Ela foi projetada para ser a terceira maior do mundo em capacidade nominal de geração (mas bem abaixo quanto à energia firme).
Talvez as contas do operador da usina só consigam fechar com subsídio governamental – quem sabe, do tamanho do que a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, abocanhou, que foi de mais de dois bilhões de dólares em 20 anos (até 2004).
Daí, sabendo o que diz, a Vale destacar que ao mudar do Pará para Minas estará maximizando “valor para os acionistas”. É neles que a companhia tem pensado ainda mais nos últimos tempos. Por temer que já não lhes possa conceder as regalias financeiras de anos atrás, ainda que aqueles dividendos desvairados sejam a causa principal das dificuldades de hoje, transferidas, como herança ingrata, pela administração decenal de Roger Agnelli. Na ótica da corporação, é preciso tomar essa iniciativa antes que os papeis da mineradora percam a atratividade que tinham e o acionista procure outro lugar para ganhar mais.
Quanto a quem não tem essa alternativa e permanece em Belo Monte, o exemplo indica as dificuldades que ainda virão. Problemas que, como de regra, serão repassados àquele que não costuma mirar a “maximização de valor” do dinheiro que injeta em empreendimentos de viabilidade mais do que duvidosa, como a grandiosa hidrelétrica de Belo Monte. Lucas Prado Kallas   Biogold, .Lucas Kallas, Biogold, gerdau, Ibram, Lucas Kallas, Lucas Kallas Biogold, Lucas Kallas Ibram, Lucas Kallas Mineração, Lucas Prado Kallas, Lucas Prado Kallas Mineração, Mineração, vale

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