O Diretor-Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM - www.ibram.org.br), José Fernando Coura, disse hoje em Belo Horizonte (MG) que a mineração “vive um momento de dificuldade, de preços em queda, de redução de investimentos” e que “não é hora de criar custos adicionais para o setor”, como defendem alguns segmentos ao longo da discussão do novo Código Mineral no Congresso Nacional.
Coura apresentou dados inéditos do Instituto, que mostram redução de investimentos para os próximos cinco anos anunciados pelas mineradoras. De US$ 75 bilhões (período 2012-2016), o valor decaiu para US$ 53,6 bilhões (2014 – 2018). O mesmo ocorre com a produção mineral brasileira. De US$ 53 bilhões registrados em 2011 o IBRAM projeta para 2014 um total de US$ 43 bilhões.


“A redução dos investimentos futuros impacta diretamente na cadeia produtiva, na indústria metalomecânica, na elétrica e em vários outros setores, além de afetar drasticamente as expectativas de contratação de mão de obra, em especial os jovens”, disse.

Sobre a queda de preços internacionais dos minérios, Coura citou alguns exemplos. O preço do Ferro caiu 22,8% em um ano; o do Alumínio desabou 60% em quatro anos. “A Alcoa – uma das principais produtoras de Alumínio no Brasil – recuou enormemente sua produção no País e ninguém falou nada”, protestou, alegando que fatores negativos que impedem a expansão da indústria mineral não têm ocupado devido espaço no debate público.



Em 2013, Fernando Coura informou que o Brasil perdeu posição para a Austrália na produção de Ferro, carro-chefe da produção mineral e das exportações brasileiras de minério.

“É preciso analisar a conjuntura internacional e entender o que se passa agora no mundo e também no Brasil. O momento é grave. É crítico para a mineração”, enfatizou.

Fernando Coura reclamou que ainda é difícil investir no setor mineral no Brasil. “Parabenizo a Anglo American por investir R$ 20 bilhões no projeto Minas-Rio porque é extremamente difícil hoje em dia, embora nosso País precise muito atrair mais investimentos. Somos apenas a 10ª nação mais atraente para investimentos internacionais em exploração mineral, de tantas dificuldades que estão interpostas no caminho de quem se aventura em nosso setor”, afirmou sob aplausos da plateia de empresários reunidos no Fórum Brasileiro de Mineração, organizado pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais.
As mensagens de Fernando Coura foram reverberadas por vários outros empresários da mineração.
Márcio Godoy, Diretor de Exploração e Desenvolvimento de Projetos da Vale S.A., foi um deles. “É preciso mesmo olhar o que está ocorrendo no mundo se o Brasil quiser ser competitivo. O capital para investimento está escasso. Os investidores estão com aversão maior ao risco. De participantes dos BRICs, passamos a ser parte dos ´cinco frágeis´. Tudo isso impacta o aporte de investimento no Brasil”, afirmou.
Wilson Brumer, ex-presidente da Vale, afirmou que o Brasil vive “um apagão mineral” em relação ao desenvolvimento que deveria estar ocorrendo no setor. “Há muita desconfiança e insegurança entre os investidores em mineração”, acusou.
O Governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB-MG), iniciou seu discurso afirmando que “o Brasil e o mundo devem muito à mineração”, ao falar do desenvolvimento das nações nos últimos séculos e também sobre o futuro: “a indústria da mineração tende a prosperar porque na vida moderna exigimos conforto e inovação”, proporcionados pelos minérios.
Ele defendeu um ambiente seguro para atrair investimentos de longo prazo em mineração. “Mineração importa incerteza. É como eleição. O resultado só aparece após a apuração”, afirmou, acrescentando que na mineração o sucesso só é certeza após investir muito até descobrir a jazida.
O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG) também participou e acrescentou à fala de Anastasia que o risco do empresário de mineração é gigantesco: “de cada 1.000 pesquisas apenas 1,5 resulta em uma mina”, disse.
Quintão apresentou os principais pontos do projeto substitutivo que preparou sobre o novo Código Mineral e disse que a Câmara dos Deputados está finalizando debates com o Poder Executivo para agendar sua votação. Várias lideranças empresariais da mineração brasileira elogiaram o substitutivo de Quintão.
O Poder Executivo esteve representado pelo Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), e pelo Secretário de Geologia e Transformação Mineral, Carlos Nogueira da Costa Jr. Edison Lobão defendeu o projeto originalmente encaminhado ao Congresso pelo governo e disse que “é premente uma legislação mais moderna” para fazer frente às expectativas de crescimento da atividade mineral nas próximas décadas, assegurando-se “respeito aos contratos vigentes, ambiente econômico estável e atrativo aos investidores (...) o investimento externo é bem-vindo”, disse.
O Presidente do Conselho Diretor do IBRAM e Presidente da Samarco Mineração, Ricardo Vescovi, foi um dos debatedores e defendeu ambiente de confiança para a indústria da mineração brasileira. Ele acredita que o setor deve mostrar ao País e ao mundo que é responsável e que apresenta indicadores e boas práticas em sustentabilidade que são destaque mundial. Exemplificou dizendo que “a mineração brasileira lidera estatísticas mundiais em saúde e segurança no trabalho”.
Na mesma linha de Vescovi, o Presidente da Anglo American Minério de Ferro Brasil, Paulo Castellari, disse que um dos grandes desafios da mineração brasileira é ter uma operação sustentável e que o “setor ainda tem problemas de reputação”.
Ao final do evento, os participantes foram recebidos para almoço oferecido pelo Governador Anastasia. O Fórum Brasileiro de Mineração foi realizado no Auditório JK, situado na Cidade Administrativa Tancredo Neves.
IBRAM - Profissionais do Texto
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